Autarcas e cidadãos de Palmela, Sesimbra e Setúbal juntaram-se para defender os serviços de saúde da região
Cerca de uma centena de pessoas, entre as quais os presidentes de Câmara de Palmela, Sesimbra e Setúbal, comissões de utentes, bombeiros e profissionais de saúde juntaram-se ontem, 18 de janeiro, em frente ao Hospital São Bernardo, em Setúbal, para participar numa vigília por melhores condições de saúde na região.
Esta iniciativa resultou do primeiro Fórum Intermunicipal da Saúde, realizado no dia 16 de dezembro, e que teve como tema o reforço urgente da capacidade de resposta do Centro Hospitalar de Setúbal (constituído pelo Hospital de São Bernardo, Hospital Ortopédico do Outão e o Serviço Ambulatório de Psiquiatria).
O reforço de profissionais de saúde, o alargamento e melhoria das atuais instalações do Hospital de São Bernardo e a sua classificação como nível D, o que permitiria ter mais valências e financiamento, ou o alargamento e reforço dos Centros de Saúde para aliviar as urgências foram algumas das reivindicações dos autarcas, profissionais e cidadãos, que se opuseram também à integração do Hospital do Outão, uma referência nacional na ortopedia no São Bernardo.
André Martins, presidente do município de Setúbal salientou a degradação dos serviços de saúde e das condições de trabalho dos seus profissionais, de que é reflexo a recente demissão de 87 médicos, que alegaram falta de condições. «Estas demissões serviram para alertar a tutela para a situação de rutura deste hospital, e para a degradação das condições de trabalho de quem, todos os dias, procura o melhor para os utentes deste centro hospitalar».
A este propósito, André Martins lançou um repto a todos os eleitos nas próximas eleições legislativas pelo Distrito de Setúbal. «Que levem esta mensagem de que é necessário tomar medidas neste centro hospitalar para que os profissionais possam vir a ter melhores condições de trabalho, e que as populações possam beneficiar desses serviços».
Por seu turno, Francisco Jesus, presidente da Câmara Municipal de Sesimbra garantiu que não se trata de um protesto «contra a administração do hospital, mas um alerta para a falta de resposta do Governo».
Para o autarca, são fundamentais respostas a curto prazo, como a melhoria e ampliação das infraestruturas, que são insuficientes, mais recursos humanos e profissionais, uma nova classificação para este hospital, que serve mais de 300 mil habitantes e, não menos importante, uma intervenção profunda no Hospital do Outão, para que os seus serviços não sejam transferidos para o hospital de Setúbal, no âmbito da eventual ampliação deste.
À margem desta iniciativa, Francisco Jesus reafirmou ainda a falta de investimento do Governo nos serviços de saúde da região: «a população de Sesimbra tem de percorrer 30 quilómetros para ir às urgências do Hospital S. Bernardo, e por vezes sai sem resposta». O autarca sesimbrense lembrou ainda a falta que faz o prometido Hospital do Seixal. «Sesimbra está a cinco minutos do Seixal, garantidamente que as pessoas, em caso de emergência, iriam ao hospital no Seixal, o que descongestionava a pressão sobre o Hospital de S. Bernardo», salientou.
Álvaro Amaro, presidente da Câmara Municipal de Palmela, lembrou que se trata de um território «com 300 mil pessoas e, além da falta de condições do Hospital de S. Bernardo, existe falta de cuidados primários de saúde, o que obriga as pessoas a terem de se dirigir ao hospital de Setúbal».
O autarca de Palmela frisou que «não se pode exigir mais sacrifício aos profissionais quando faltam muita gente, recursos e especialidades e uma resposta integrada que garanta um serviço de saúde de qualidade», e que é necessário criar um grupo de reflexão em sintonia com profissionais de saúde e comissões de utentes, para resolver a falta de respostas. «Temos de fazer acontecer e não ficar desmobilizados com a promessa de que vai haver obras. É fundamental que elas correspondam àquilo que os profissionais de saúde do centro hospitalar já identificaram como necessário», reforçou.
Nesta iniciativa interveio ainda Zoraima Prado, do Sindicato de Enfermeiros Portugueses. «A luta por melhores condições de trabalho traduzirá sempre melhores cuidados de saúde para as populações», referiu.
Autarcas, utentes, profissionais e todos os cidadãos que se solidarizaram com esta iniciativa esperam agora que o Governo que sair das legislativas de 30 de janeiro olhe com atenção para esta realidade e prometem não baixar os braços até que existam serviços de saúde dignos.