Ciclo de Música Cezimbra Antiqua
Em outubro, Sesimbra é palco do primeiro Ciclo de Música Cezimbra Antiqua, que vai levar o público até ao século XVIII, onde o contexto de mudanças influenciou também a composição musical, que passou a ser mais simples e compreensível a todos. Esta primeira edição decorre de 12 a 27 de outubro e conta com alguns dos melhores e mais conceituados agrupamentos e intérpretes nesta área.
O grupo La Paix du Parnasse, com direção musical de António Carrilho, o Quarteto Arabesco, o Ensemble Portingaloise, composto por Fernando Miguel Jalôto (cravo) e Catarina Costa e Silva (dança e declamação) e o Grupo Vocal Olisipo, dirigido por Armando Possante, são alguns dos convidados. O programa inclui ainda uma formação em dança barroca, nos dias 19 e 20, no Auditório Conde de Ferreira.
A Música Antiga
O século XVIII foi palco de um influente processo cultural, social, filosófico e político, comummente conhecido por movimento Iluminista, que teve a sua maior expressão na Europa, e mais particularmente em França, local de grande desenvolvimento científico e filosófico, cujas raízes remontam já ao século XVI e à revolução científica.
Foram sem dúvida tempos de grandes transformações nas estruturas sociais do velho continente Europeu, substancialmente centradas em torno da Liberdade, do Progresso e do Homem. A música, sendo uma linguagem universal e uma das formas de expressão mais inerentes ao ser humano, não ficou alheia a estas transformações.
Assim, sensivelmente a partir do segundo quartel do século XVIII, podemos começar a perceber neste ou naquele compositor ligeiras transformações na sua escrita musical que, de forma muito simplista, podemos sintetizar na rejeição de tudo o que pode ser considerado artificial ou complexo, duas caraterísticas intimamente associadas a estas novas correntes iluministas.
Aos poucos observamos uma diminuição da complexidade na escrita contrapontística, a simplificação das linhas melódicas, acompanhada do aumento da sua importância na estrutura musical, assim como o uso cada vez mais frequente de estruturas formais definidas e de um vocabulário harmónico reduzido muito focado nas funções de tónica e dominante.
Na sua essência, estas transformações visavam uma linguagem universal que pudesse ser entendida por todos, músicos, melómanos e leigos, e que de alguma maneira deverá ser vista como uma clara rejeição à teatralidade dos géneros mais aristocráticos. No entanto, e à semelhança de outros períodos de mudança e transformação, não estamos perante um claro corte com o passado. Os diversos estilos musicais, sejam eles novos ou mais tradicionais, vão coexistindo durante décadas. Ao mesmo tempo que as novas óperas de Pergolesi ou de Hasse vão sendo apresentadas ao público, Rameau, Haendel e Bach ainda continuam bastante ativos na sua produção musical.
Esta primeira edição do Ciclo de Música Cezimbra Antiqua vai precisamente ao encontro desta época de transformações, sob o pretexto da celebração da efeméride do desaparecimento de dois grandes compositores da História da Música Ocidental: Haendel (1685-1759) e Haydn (1732-1809).
Programa
LES ÉLÉMENTS
Haendel, Telemann e Rebel
La Paix du Parnasse
direção musical de António Carrilho
Fortaleza de Santiago, Sesimbra - ALTERADO PARA A IGREJA DO CASTELO
dia 13 | dom | 15h
A CRIAÇÃO
Joseph Haydn
versão para quarteto de cordas de Antonín Vranický
Quarteto Arabesco (Portugal)
Denys Stetsenko (violino)
Raquel Cravino (violino)
Lúcio Studer (violeta)
Ana Raquel Pinheiro (violoncelo)
André Gago (narrador)
Capela da Misericórdia, Sesimbra
dias 19 e 20 | sáb e dom | das 10 às 12 e das 14 às 16h
INTRODUÇÃO À DANÇA BARROCA
Ensemble Portingaloise
Catarina Costa e Silva (direção)
Apresentação final domingo, às 17 horas
Auditório Conde de Ferreira, Sesimbra
dia 19 | sáb | 17h
A VOZ DA EMOÇÃO EM TORNO DA FAMÍLIA DE BACH
Johanna Rose (viola de gamba)
Javier Nuñes (cravo)
Igreja de Nossa Senhora da Consolação do Castelo
dia 19 | sáb | 22h
MARIE SALLÉ, A TERPSÍCORE
Haendel
Ensemble Portingaloise
Fernando Miguel Jalôto (cravo)
Catarina Costa e Silva (dança e declamação)
Auditório Conde de Ferreira, Sesimbra
dia 26 | sáb | 16h
O BARROCO PROTESTANTE E CATÓLICO
Grupo Vocal Olisipo
direção de Armando Possante
Elsa Cortez (soprano)
Patrycja Gabrel (soprano)
Lucinda Gerhardt (mezzo)
Carlos Monteiro (tenor)
Armando Possante (barítono)
Igreja de Nossa Senhora da Consolação do Castelo
dia 27 | dom | 16h
LES APOTHÉOSES
François Couperin
Quarteto Galante
Suzana Silva Batoca (flauta e flauta de bisel)
Raquel Cravino (violino)
Sofia Cascalho (cravo)
Susana Moody (viola da gamba)
Diogo Dória (narrador)
Igreja de Nossa Senhora da Consolação do Castelo