O futuro da pesca esteve no centro do debate no Dia Nacional do Mar
Sesimbra assinalou o Dia Nacional do Mar, 16 de novembro, com o encontro nacional Desafiar o Futuro das Pescas, que juntou pescadores, armadores, representantes de entidades ligadas ao mar, técnicos e autarcas, e contou com a presença do Ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, do Secretário de Estado das Pescas, José Apolinário, e do presidente da Câmara Municipal, Francisco Jesus. A iniciativa, que decorreu no Cineteatro Municipal, vincou, uma vez mais, a importância que a autarquia sesimbrense tem dado ao setor da pesca e permitiu debater um vasto conjunto de temas, como as condições de trabalho, segurança, boas práticas para o setor e valorização da produção e infraestruturas.
«É com grande prazer que estou aqui hoje, onde assisti a uma discussão extremamente útil, e que me permitiu aprender muito», referiu o Ministro do Mar, tendo acrescentado que a estratégia do Governo «visa a gestão sustentável dos recursos e do ambiente, compatibilizando-os com a atividade humana». O representante do Governo reconheceu que «é necessário proteger, modernizar e dignificar a pesca, bem como valorizar, formar os seus profissionais», e que, neste contexto, «é essencial que haja partilha de conhecimentos entre a ciência e o setor e o envolvimento das comunidades, pelo que estou desejoso de entrar em diálogo convosco».
As preocupações com o futuro da pesca foram igualmente sublinhadas pelo presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Francisco Jesus. «Estou muito satisfeito pela presença de tantas entidades para discutir um tema tão importante para Sesimbra, para o país, e para a própria economia nacional», referiu, lembrando que porto de pesca de Sesimbra é um dos mais importantes de Portugal em termos de descargas e valor de pescado. No entanto, alertou que «apesar de se ter falado de modernização e de progresso, a pesca continua a ter velhos problemas, porque os pescadores têm uma vida de risco, de sacrifício e sem garantias de rendimento. Por isso, temos de pensar mais neles», frisando que o setor «percebe que tem de haver sustentabilidade, mas é preciso reforçar a parceria entre a ciência e a pesca, por forma a eliminar debilidades».
Preocupado com o futuro da frota pesqueira de Sesimbra, o autarca lembrou que a comunidade piscatória enfrenta várias ameaças, referindo-se às restrições à captura da sardinha, às limitações impostas pelo regulamento do Parque Natural da Arrábida ou ao problema das capturas acessórias da pesca do Peixe-espada-preto. Para além destas ameaças, acrescentou que «existe dificuldade em escoar a produção devido às insuficientes acessibilidades, o que justifica a urgência da construção da variante ao Porto de Abrigo».
Na sessão de encerramento interveio também o presidente da Mútua dos Pescadores, Jerónimo Teixeira, que destacou «o trabalho intenso e profícuo de um encontro que tinha pesadas razões para se realizar devido às dificuldades da pesca». Jerónimo Teixeira afirmou ainda que «a política do mar deve ser uma alavanca para o desenvolvimento sustentável de Portugal, «mas que deve ser feita através da valorização dos pilares social, económico e ecológico». Por fim, o representante da Mútua apelou ao diálogo entre o Governo e as estruturas ligadas à pesca e à economia do mar, por forma a dignificar a profissão e garantir a segurança dos pescadores.
De resto, a preocupação com o futuro do setor já havia sido também manifestada na abertura do encontro por Arsénio Caetano, administrador da Mútua dos Pescadores. «Espero que este encontro possa, por um lado, contribuir para promover uma maior cooperação entre a classe política e científica, por forma a recuperar este setor tão essencial às comunidades e ao país e, por outro, para colocar a pesca no lugar de relevo que ela merece na economia do mar», sublinhou.
Este encontro foi organizado pela Câmara Municipal de Sesimbra e pela Mútua dos Pescadores – Mútua de Seguros CRL, com o apoio da Docapesca.