Plano de Mobilidade Urbana Sustentável propõe menos carros e mais espaço para peões na Quinta do Conde
“Descarbonização” e “humanização” são as palavras-chave do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Quinta do Conde (PMUS), apresentado no dia 28 de outubro em duas sessões públicas realizadas na Junta de Freguesia da Quinta do Conde e na Escola Básica N.º 2 da Quinta do Conde, Polo do Conde 2.
Perto de 50 pessoas assistiram à apresentação do PMUS, plano que contempla várias propostas para melhorar a qualidade de vida de quem reside neste território, onde se pretende ter um futuro com menos carros, mais vias pedonais e cicláveis, com ruas pensadas para os peões, com melhor acesso aos transportes públicos, uma rede viária mais segura e hierarquizada e várias medidas para gestão do estacionamento e logística urbana.
Com a realização do PMUS da Quinta do Conde, a Câmara Municipal de Sesimbra faz parte dos 10% dos municípios que já estão a avançar com planos de mobilidade a nível nacional, um instrumento de planeamento urbano que pretende alterar o paradigma das deslocações urbanas, em que a prioridade é a redução da utilização do transporte individual.
A equipa responsável pela execução do PMUS, composta por técnicos municipais e a empresa especializada em mobilidade MPT, começou por fazer o diagnóstico para perceber como se movem as pessoas na freguesia. Os dados referentes a 2021 revelam que 60 por cento das deslocações são realizadas de automóvel, 24 por cento em transporte público e apenas 15 por cento a pé. Foram também feitos estudos de tráfego, da incidência de acidentes e dos movimentos pendulares da população que aqui vive e que se desloca maioritariamente para fora do concelho.
Depois da primeira fase de caracterização da situação atual, seguiu-se o momento de participação da comunidade.
«O trabalho desenvolvido até agora foi a execução da proposta técnica. O que se pretende nesta fase é recolher o máximo de contributos possíveis da população para este plano», contextualizou o presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Francisco Jesus, nas duas sessões públicas realizadas em outubro.
O envolvimento das pessoas na elaboração deste documento estratégico, e estruturante, para a vila da Quinta do Conde é fundamental, e foi esse o objetivo das apresentações públicas, onde vários munícipes presentes referiram ter ficado «surpreendidos, pela positiva», com o que está previsto no PMUS.
Das várias sugestões e preocupações apresentadas, destacam-se a necessidade de mais autocarros de ligação com a estação ferroviária de Coina, do melhor funcionamento dos transportes públicos, a necessidade de criação de condições de segurança para ciclistas e existência de parqueamento para bicicletas, o respeito pelos percursos – atalhos - que as pessoas utilizam quando circulam a pé pela freguesia, a sugestão do envolvimento da comunidade na elaboração do plano através de encontros nos vários “bairros” da freguesia, assim como questões relativas ao estacionamento para residentes.
Muitas das respostas às necessidades identificadas pelos quintacondenses estão contempladas no PMUS.
«O que pretendemos é implementar um plano que venha reduzir as distâncias, o tempo das deslocações, reduzir as emissões de carbono, aumentar o exercício físico, aproveitar os espaços verdes e as ligações entre eles, criar novas centralidades, arrumar os carros e resgatar espaço ao automóvel para outros modos como o caminhar ou o andar de bicicleta» sintetizou Paula Teles, responsável da empresa MPT durante as duas sessões públicas.
Paula Teles explicou que é este o conceito da «cidade 15 minutos», desenhada a pensar nas pessoas, onde os serviços essenciais, como escolas, centro de saúde, zonas comerciais, espaços culturais ou espaços verdes ficam a 15 minutos de distância a pé ou de transportes públicos.
O objetivo é «estancar a presença de viatura própria nas cidades, devolvendo o espaço público às pessoas, humanizando os territórios», complementou Francisco Jesus. Medidas que contribuem para a mitigação das alterações climáticas, descarbonização e transição energética.
«As questões que temos na Quinta do Conde prendem-se com as características desta freguesia, que é um território essencialmente com pessoas que trabalham fora da freguesia, com movimentos pendulares, com grande densidade populacional, que necessitam, no quadro da sua mobilidade, de ter outro tipo de oferta» referiu o presidente da autarquia, adiantando que «este plano não é apenas para este mandato, mas para as gerações futuras, para aquilo que serão as intervenções a realizar no território, para que não sejam feitas de forma avulsa.»
O objetivo é ter uma implementação faseada, concertada com a população e integrada na Área Metropolitana de Lisboa. «E, por isso, queremos abranger um maior número de pessoas nesta fase, criando esta convergência», reforçou o autarca, consciente de que o sucesso do plano vai depender da mudança de comportamentos.
Presentes nas sessões estiveram o presidente da Junta de Freguesia da Quinta do Conde, Carlos Pólvora, o presidente da Assembleia Municipal de Sesimbra, João Narciso, e vários técnicos municipais.
Consultar apresentação
Plano de Mobilidade Urbanos de Sustentável da Quinta do Conde
Vídeo da Sessão de Apresentação do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Quinta do Conde, no dia 28 de outubro 2023, na Escola Básica N.º 2 da Quinta do Conde, Polo do Conde 2.