Acompanhamento arqueológico
Edifício notável e monumental, classificado como Imóvel de Interesse Público desde 20 de setembro de 1977, a Fortaleza de Santiago tem a sua origem no traçado concluído em 1642 pelo padre jesuíta João Paschasio Cosmander, engenheiro militar originário de Lovaina, contratado por D. João IV.
Pela sua afirmação histórica na vila marítima, os trabalhos de reabilitação do edifício fortificado foram acompanhados por um projeto de investigação arqueológica, o qual incidiu sobre as estruturas arquitetónicas, como também perscrutou as suas próprias fundações e vestígios passados, constituindo os estudos daí resultantes um novo conjunto de informações que permitem redescobrir as funções, e as missões, que nos testemunhos arqueológicos traçam um percurso de descoberta até à atualidade.
A equipa de trabalho registou, através de desenhos técnicos e sequenciais, registos fotográficos e estratigráficos, a evolução dos trabalhos de recuperação num contexto que pretendeu salvaguardar a afetação dos valores patrimoniais identificados e documentar vestígios de um continum histórico, interpretando cada registo arqueológico e salvaguardando cada sequência estratigráfica da contínua deposição do tempo e dos usos presentes em camadas de solos, em níveis de pavimentos e nas cicatrizes viventes nas paredes e abóbodas, testemunhos das diversas intervenções, alterações e adaptações, que a mão humana foi dando ao esquiço inicial de Cosmander, legando-nos um edifício repleto de memórias.
Observaram os trabalhos a aplicação de diferentes metodologias de acordo com as realidades identificadas, desde o acompanhamento das fases de escavação mecânica até aos mais demorados trabalhos de pesquisa manual, sob metodologia mais fina e registo mais pormenorizado, em áreas onde foram identificadas estruturas fundacionais e unidades de lixeira antecedentes à construção da praça militar.