Ala norte do Santuário do Cabo Espichel vai passar para o município
A Câmara Municipal de Sesimbra vai adquirir a ala norte do Santuário do Cabo Espichel à Direção-geral do Tesouro e Finanças (DGTF) por 321 mil euros, pondo assim fim a um longo e complexo processo negocial, que tem impedido a recuperação do conjunto edificado.
A ala norte foi cedida pela Igreja ao Estado em 1995, na perspetiva de se avançar com um plano de recuperação que passaria pela instalação de uma pousada da ENATUR. Esta condição nunca se verificou, e em vez de uma recuperação do imóvel assistiu-se à sua contínua degradação. Mesmo assim, o Estado nunca se predispôs a devolvê-lo.
Nos últimos anos, a autarquia tem liderado as negociações para procurar uma solução para o conjunto arquitetónico, que se encontra num lento processo de degradação. No entanto, as propostas para tomar posse do edifício, que passaram pela possibilidade de cedência, permuta por terrenos municipais disponibilizados ao Estado e, mais tarde, pela opção de compra, nunca se concretizaram. Em alguns casos não foram aceites por esta Direção-geral, noutros, as condições eram inaceitáveis para o município.
Apesar de entender que é um valor desajustado, sobretudo pelo papel da autarquia neste processo e os investimentos que já fez no local, a Câmara Municipal aceitou a proposta tendo em conta toda a teia burocrática em que este processo tem estado envolvido, a urgência de uma intervenção nos edifícios, o valor substancialmente inferior aos apresentados anteriormente (que chegaram a rondar o milhão de euros) e o facto de se tratar de um monumento emblemático que terá um impacto muito positivo para a imagem do município. Para a autarquia trata-se, portanto, de uma oportunidade única que justifica plenamente o investimento.
A recuperação de um monumento com a dimensão histórica, arquitetónica e espiritual do Santuário do Cabo Espichel, com um enquadramento geográfico único, e com uma ligação fortíssima à comunidade local, será um passo enorme para a consolidação de Sesimbra como destino turístico de eleição e para a criação de um polo de atratividade na costa ocidental do concelho, em pleno Parque Natural da Arrábida, que potenciará o turismo religioso, patrimonial e de natureza, determinantes para contrariar a sazonalidade e para impulsionar a economia local de uma forma sustentada.
A candidatura, em curso, ao Portugal 2020 permitirá avançar, numa primeira fase, com um conjunto de intervenções fundamentais para a preservação do local e, posteriormente, com a implementação de projetos estruturantes de caráter turístico e cultural.
Câmara Municipal teve um papel determinante em todo o processo
Nos últimos anos, a autarquia conseguiu negociar a cedência das áreas envolventes e do recinto da Casa da Água com o proprietário privado, em 2008, o que permitiu avançar para obras de consolidação da fachada, arranjo do terreiro, instalação de um Posto de Transformação de energia e criar zonas de estacionamento adequadas aos visitantes. Mais recentemente, recuperou o recinto da Casa da Água, com apoio de fundos comunitários, e está neste momento, com financiamento exclusivamente municipal, a concluir o restauro do edifício da Casa da Água, que, apesar do seu interesse patrimonial, se encontrava em ruína. Prevê-se também uma intervenção ao nível do aqueduto.