Apresentação dos 600 Anos do Cabo
A intenção foi anunciada durante a apresentação dos 600 Anos do Culto de Nossa Senhora do Cabo, que contou com a presença do presidente da Câmara Municipal, Augusto Pólvora, do responsável pela Confraria de Nossa Senhora do Cabo, padre Francisco Mendes, e do fotógrafo sesimbrense Carlos Sargedas.
Consciente de que no actual contexto socioeconómico muito dificilmente se encontrarão apoios financeiros para reabilitar este importante monumento, há vários anos ao abandono, o presidente da Câmara Municipal mostrou disponibilidade e interesse para, em conjunto com a Confraria, prosseguir com o papel de mediação entre os proprietários e possíveis investidores.
Augusto Pólvora reafirmou o empenho da Câmara Municipal em recuperar e valorizar o património municipal, em especial o Cabo Espichel, por tudo o que representa. Fez uma retrospectiva do processo lembrando, sobretudo, o acordo de 1995, em que o Estado tomou posse da Ala Norte comprometendo-se a intervir em todo o edificado, o que nunca chegou a acontecer, e deu como exemplo o caso da Fortaleza de Santiago, na vila de Sesimbra, que, depois de décadas de persistência, está finalmente na posse do município.
O presidente da autarquia transmitiu também aos presentes que a Câmara Municipal está a avaliar a hipótese de recuperar um conjunto em ruínas à entrada do Santuário, que se situa dentro dos terrenos doados à autarquia em 2008, para instalar um centro de apoio e interpretação do local. Numa fase posterior, pretende-se que a própria Casa de Ópera possa também voltar a receber espectáculos.
O padre Francisco Mendes, responsável pela Confraria do Cabo, centrou a sua intervenção na importância religiosa do Culto e do lugar. «Trata-se do santuário mais antigo no Sul do País onde o Culto permanece ininterruptamente de forma viva e devota», referiu. «Para terem uma ideia, o Cabo Espichel representou, de certo modo, aquilo que Fátima representa nos nossos dias», disse. «Há poucos lugares, mesmo na Península, que se possam comparar ao Cabo». Para Francisco Mendes e para a Confraria a associação a estas comemorações serve sobretudo para olhar o futuro e para tentar alterar o actual estado do monumento.
Carlos Sargedas apresentou algumas das iniciativas que propôs à organização e que acabaram por incluir o programa oficial das comemorações. Destaque para o ciclo de exposições que se inicia no dia 17, sábado, e que se prolonga até Novembro e envolve mais de 50 artistas profissionais e amadores. O fotógrafo sesimbrense e apaixonado pelo Cabo deu a conhecer os projectos que tem desenvolvido no local no campo da fotografia aérea e do vídeo e mostrou o vídeo recentemente premiado num festival na Grécia.
Câmara recupera órgão de tubos
O órgão ibérico de tubos, do século XVIII, que se encontra no coro alto na igreja do Cabo Espichel, vai ser restaurado pela Câmara Municipal graças a um protocolo com a Confraria de Nossa Senhora do Cabo.
A tarefa, ao cargo de uma empresa especializada, representa um investimento de 40 mil euros. Esta medida permitirá o regresso das sonoridades deste instrumento a um espaço com características acústicas próprias para o efeito.