ArtesanalPesca contesta Minuto Verde
No programa “Minuto Verde” exibido hoje, dia 4 de Novembro de 2009, pela RTP no programa “Bom dia Portugal” foi levantado um conjunto de questões que gostaríamos de esclarecer e de ver rectificadas quer pela Organização Não Governamental – Quercus, responsável pela rubrica, quer pela RTP que o exibiu.
Nesse programa é feito um apelo aos consumidores no sentido de não consumirem um conjunto de espécies em virtude de lhes estar a ser dirigida uma pesca industrial, insustentável, por embarcações de arrasto.
Durante o programa é dito que a pesca de arrasto pode ser extremamente danosa na destruição dos fundos do mar, podendo o lastro de destruição atingir a extensão de 10 campos de futebol por segundo, situação que acontece noutros países e que reconhecemos ser extremamente lesiva.
Para documentar e ilustrar esta preocupação, são exibidas imagens de embarcações de pesca artesanal, associadas da organização de produtores ArtesanalPesca, com cerca de 14 metros, que nada tem a ver com a pesca industrial (designadamente arrasto demersal e de profundidade) e redes de cerco utilizadas na pesca de pelágicos (sardinha, carapau, cavala).
São afirmadas um conjunto de incorrecções técnico-científicas, nomeadamente, que o tamboril é uma espécie de profundidade e que o peixe-espada preto comercializado em Portugal é capturado por artes de arrasto.
O efeito nefasto deste tipo de notícias, que consideramos caluniosas, não só pelas incorrecções mas também pela utilização de imagens de forma abusiva na medida em que associam embarcações de pesca a uma prática que não lhes corresponde, é imensurável e extremamente lesivo para aqueles que exercem pesca de uma forma responsável e sustentável.
A pesca exercida em Portugal (Continente e ilhas) ao Peixe-espada Preto é feita utilizando artes de anzóis - palangre de profundidade (mais selectiva que o arrasto e cujos efeitos não podem sequer ser comparados com este tipo de pesca) por um conjunto limitado de embarcações. Em Portugal, não se captura peixe-espada preto por arrasto.
Aquilo que foi concretizado para este tipo de pesca pela organização de produtores ArtesanalPesca é um caso de estudo e um exemplo em termos europeus no sentido da valorização desta espécie e na sustentabilidade desta pescaria.
A pesca desta espécie no nosso país é acompanhada pelo Instituto de Investigação das Pescas (IPIMAR), com quem a ArtesanalPesca mantém um protocolo, e está a desenvolver um projecto de certificação internacional da pescaria (MSC). Estamos, como sempre estivemos, disponíveis para colaborar e promover a sustentabilidade da pesca. Esse o nosso maior objectivo.
Neste sentido, pelo exposto, e porque nos sentimos lesados pelas incorrecções afirmadas, e porque julgamos que é do maior interesse dos espectadores e dos consumidores, solicitamos, e desde já agradecemos, a divulgação deste reparo, de formar a informar de forma leal e responsável, como julgamos que é apanágio tanto do canal público de televisão que exibe o programa ‘Minuto Verde’, como pela ONG Quercus que o apresenta.
Aproveitamos ainda para reafirmar toda a nossa disponibilidade para efectuar todos os esclarecimentos que considerem relevantes e oportunos quer sobre a pesca ao peixe-espada preto praticado em Portugal, quer sobre o trabalho da ArtesanalPesca.