Autarquia tem apostado na renovação da rede de água em todo o concelho
Quando abrimos a torneira e enchemos um copo com água potável, não imaginamos tudo o que é necessário para que este gesto seja possível. No concelho de Sesimbra, a rede de abastecimento público, que transporta a água até às habitações é composta por sistemas de captação, depósitos de tratamento e armazenamento, estações elevatórias e cerca de 450 quilómetros de condutas. A gestão desta infraestrutura é uma das mais importantes funções da Câmara Municipal e uma área de atuação que exige um investimento constante. As obras que se têm realizado nos últimos anos por todo o concelho para renovação da rede, apesar de não terem a visibilidade de outras intervenções, são essenciais para que a água continue a chegar aos lares com qualidade e sem interrupções.
Em 1905, quando tomou posse como presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, António Peixoto Correia avançou com a proposta de construção de uma rede de abastecimento público de água. Na altura a ideia parecia tão distante da realidade que mereceu críticas ferozes dos seus oponentes e foi até alvo de troça. O facto é que três anos depois, em 1908, a água chegava às habitações da vila de Sesimbra, Santana e arredores. Sesimbra entrava assim para a lista das primeiras vilas do país a ter água canalizada.
Em 2008, para comemorar o centenário desta data, a Câmara Municipal integrou um programa de atividades que pretenderam, por um lado, dar a conhecer a história do concelho, e por outro assinalar o início daquela que que passaria a ser uma das principais funções dos municípios portugueses: a gestão e distribuição de água aos cidadãos.
Hoje a água chega a praticamente todos os lares do concelho e faz parte das necessidades básicas asseguradas pela autarquia. A rede que permite o transporte e distribuição é composta por mais de 450 quilómetros de condutas ligadas a um conjunto de infraestruturas composto por 20 captações, 3 centrais de tratamento, 5 centrais elevatórias e 3 reservatórios elevados. A água é recolhida a profundidades entre os 130 e 400 metros, no sistema aquífero designado por Bacia do Tejo/Sado – Margem Esquerda, que se localizam na Apostiça, freguesia do Castelo, e na Quinta do Conde, e a produção ronda os 5,7 milhões de litros anuais.
A gestão de uma rede destas dimensões exige uma atenção permanente e um conjunto de meios humanos e mecânicos que possibilitem o abastecimento sem interrupções e com qualidade. No caso de rutura, por exemplo, há piquetes em permanência para intervir de imediato e repor a normalidade. Muitas das condutas existentes foram instaladas há várias décadas e é necessário proceder à sua substituição, tanto para evitar ruturas como pelo facto de já não estarem dimensionadas ao desenvolvimento urbano e demográfico, o que pode afetar o abastecimento, sobretudo em alturas de maior consumo.
Neste sentido, nos últimos anos, a Câmara Municipal tem feito um enorme investimento na remodelação da rede de água em todo o território. Algumas destas empreitadas são feitas especificamente para remodelar a rede, mas em muitos casos a autarquia tem aproveitado obras que implicam intervenções no pavimento, como saneamento ou acessibilidades, e renova toda a rede da zona, o que permite uma gestão mais equilibrada de custos e de recursos.
Esta situação verificou-se na maioria dos trabalhos de instalação do saneamento na freguesia do Castelo, nas pavimentações e repavimentações na Quinta do Conde e prossegue atualmente, nos recentes programas de pavimentações.
Dos investimentos mais relevantes dos últimos anos destacam-se as intervenções na Aldeia do Meco, Zambujal, Caixas, Alfarim, Fornos e Fetais, a Rua Porto d’ Era, onde se verificavam constantemente ruturas e foi feita a substituição total da rede, as Pedreiras, onde foi substituída praticamente a totalidade das condutas, a Avenida dos Aliados, na Quinta do Conde, onde se substituiu uma infraestrutura com mais de 20 anos, ou a Rua Serra da Arrábida e ruas do Conde 3 junto ao Parque da Vila e EN10, na Quinta do Conde, onde a substituição está em curso.
Na última década, a autarquia apostou também na instalação de condutas de grande capacidade, cujo objetivo é aumentar o caudal disponível. Destacam-se as condutas distribuidoras Corredoura/Forte do Cavalo, Feijão/Alfarrobeira, Aiana/Alfarim/Meco/Fetais, a ligação dos subsistemas da Quinta do Conde e do Castelo/Santiago e a renovação das condutas na Estrada dos Murtinhais, na Lagoa de Albufeira, na EM569, no Zambujal, e na Avenida Principal, Avenida dos Aliados e Rua Egas Moniz, na Quinta do Conde.
Para além disso estão previstas a beneficiação da conduta entre os reservatórios do Casalão e Argéis e da Avenida da Liberdade, na Quinta do Conde. A instalação de um quarto grupo de elevação e transporte de água na Central da Apostiça e a recuperação de cinco furos de captação tornaram o sistema mais produtivo e eficiente.
Importa destacar que as novas condutas são fabricadas em material mais resistente a ruturas, e de diâmetro superior, que garantem um maior fluxo de água. Em termos comparativos, as antigas têm 60 centímetros de diâmetro, e as novas são de 90 ou 110. A rede inclui várias peças com funções distintas, como por exemplo caixas redutoras, para estabilizar a pressão, válvulas de seccionamento, que permitem criar percursos alternativos no caso de ruturas ou intervenções pontuais, ou ventosas, que retiram ar das condutas em zonas altas.
Mas a verba investida no sistema de abastecimento de água não se resume à remodelação das redes. Nos últimos anos, operou-se uma profunda melhoria nesta área, a começar pela beneficiação dos grupos eletrobombas da Central da Apostiça,instalação de equipamentos eletromecânicos nos furos de captação, que aumentaram a capacidade de extração e reduziram substancialmente o consumo energético, reaproveitamento de furos que estavam inativos, ou na aquisição do cadastro de infraestruturas, um “mapa digital” com a identificação de toda a rede de águas do concelho.
A autarquia está a implementar também um sistema de telegestão em todos os depósitos, que estabelece a comunicação com a Central da Apostiça, permitindo que o operador na central possa saber qual o nível do caudal dos depósitos a qualquer momento. Se, por exemplo, o operador verificar que o nível de um dado depósito está baixo pode dar indicações ao sistema para reforçar o caudal, o que evita falhas no abastecimento.
Através deste sistema o operador pode também perceber se existe alguma rutura entre a central e os depósitos para alertar de imediato o piquete.
Apesar das intervenções previstas, que abrangem dezenas de ruas em todo o concelho, existem ainda muitas zonas com condutas antigas que necessitam de ser renovadas, um trabalho que a Câmara Municipal pretende continuar a desenvolver para manter um abastecimento público de qualidade, essencial para o bem-estar dos cidadãos e para manter os níveis elevados de atratividade e qualidade de vida que o concelho alcançou.
A instalação das condutas de saneamento, de grande dimensão, é feita a cerca de 1,80 metros de profundidade e implica abertura de valas com cerca de 1.30 metros de largura, por onde passam as condutas de pluviais (águas das chuvas que não precisam tratamento e são encaminhadas diretamente para o mar) e as águas residuais,cujo destino são as estações de tratamento. Estas redes localizam-se nas estradas.
As condutas de água estão a 1,20 metros de profundidade e como têm menores dimensões necessitam de valas com cerca de 60 centímetros de largura. Devem, preferencialmente, encontrar-se em zonas de estacionamento ou passeios para que no caso de uma rutura não seja necessário o corte ou condicionamento do trânsito.
Como se procede à substituição da rede
Todas as infraestruturas que se encontram no subsolo estão devidamente cadastradas. Quando a Câmara Municipal pretende substituir um troço da rede de águas consulta o cadastro, faz um mapeamento no terreno e com esses dados elabora um projeto. Quando os funcionários vão para o terreno sabem exatamente onde abrir o pavimento para encontrar as condutas antigas. Depois, há duas possibilidades: ou se instala a nova rede com a antiga a funcionar, ou se cria um percurso alternativo temporário (bypass) que permita executar a obra. Em ambos os casos é mantido o abastecimento de água, que só é interrompido num espaço de tempo muito curto para se efetuar a ligação à nova rede.