MULHERES DE SUCESSO: Encontro reuniu cerca de 30 empresárias
Opinião semelhante tem Maria da Visitação, que há mais de 20 anos se dedica à agricultura biológica: «é preciso ter muito amor por aquilo que se faz e encarar a profissão como uma forma de estar na vida».
Perante uma plateia com 30 empresárias, de várias idades e setores de atividade, José Polido, vereador das Atividades Económicas da Câmara Municipal de Sesimbra, descreveu, resumidamente, a realidade empresarial feminina no concelho. «No que diz respeito a Sesimbra, existem cerca de 1500 empresárias, divididas pelos vários setores de atividade, embora no terciário com maior peso, cerca de 1400», revelou. «Na freguesia de Santiago existem 137 empresárias, no Castelo 629 e na Quinta do Conde 756», acrescentou.
«Assim como representa 50 por cento da população do concelho, a Quinta do Conde também comporta metade do tecido empresarial feminino», relacionou o vereador. «Apesar das mulheres serem descritas como mais participativas, inovadoras, criativas, cautelosas e melhores gestoras nos negócios, no entanto progridem de uma forma mais lenta», referiu.
O ensino e a formação foram também temas abordados. Luísa Carvalho, coordenadora da Unidade de Apoio à Inovação, I&D e Empreendedorismo no Instituto Politécnico de Setúbal, salientou que «existem cursos superiores que há uns anos eram frequentados apenas por homens e que agora já têm também mulheres, o que é mais uma prova que a igualdade de género é cada vez mais uma realidade». Tendo por base estudos recentes sobre empreendedorismo no feminino, Luísa Carvalho destacou o facto das motivações que levam uma mulher a criar um negócio são, de um modo geral, diferentes das dos homens. «Há uma vontade de conciliar o trabalho com a família e mais ponderação na avaliação das probabilidades de êxito», disse.
Para Rita Santos, proprietária da agência funerária A Bênção de Cristo, é notória a presença cada vez maior das mulheres no mundo do empreendedorismo, no entanto não é uma tarefa fácil. «É muito complicado conciliar tudo, mas por detrás de uma mulher também tem de estar um homem para a ajudar», confessou. A trabalhar num negócio pouco comum, que herdou dos pais, Rita garantiu que «a melhor publicidade é o passar de boca em boca e para isso é preciso mostrar um bom trabalho». Em relação ao encontro, fez um balanço bastante positivo desta primeira edição. «Acho que foram debatidas muitas ideias, conheci negócios que não sabia que existiam no concelho e outros que conhecia mas que não sabia quem estava por detrás deles».
Também para Cristina Garrau, do Centro Innestudos, a mais nova empresária do encontro, a troca de ideias foi bastante enriquecedora. «Acho importante a dinamização deste tipo de iniciativas, onde se dá voz às empresárias, e foi muito bom conhecer outras colegas», conta, adiantando «que podem vir a nascer algumas parcerias».
As empresárias foram divididas em três grupos para que pudessem trocar experiências e conhecimentos e enumerassem os principais pontos fracos, fortes e aspetos a melhorar tanto em relação ao papel da mulher no empreendedorismo como no ambiente em que estão inseridas. No final, as conclusões foram apresentadas pelo vereador José Polido e debatidas em conjunto.
Ser maternal, maior entrega, sobrecarga na gestão familiar e demasiada burocracia foram alguns dos pontos fracos apontados pelas empresárias, que em relação aos aspetos fortes realçaram, entre outros assuntos, o apoio e a disponibilização do Gabinete de Apoio ao Empresário da Câmara Municipal, o facto de as mulheres terem um maior espírito de sacrifício e serem mais envolventes e criativas. No que toca ao que querem ver ser melhorado, os pedidos focaram-se na formação, em mais apoio na divulgação dos seus negócios e melhores acessos e estacionamento, sobretudo na vila de Sesimbra.