Na praia ouvem-se histórias e aprende-se a trabalhar as emoções das crianças

O que fazem duas ampulhetas, um cato, um espelho, velas, um frasco com sementes, o Principezinho, fantoches e uma arca “cheia de coisas” numa praia, em pleno verão? A resposta foi dada durante o ateliê As Emoções Estão Desaparecidas, que se realizou na Biblioteca de Praia da Praia do Ouro, em Sesimbra.
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Assim que se ouviram os primeiros acordes da música A pele que há em mim, de Márcia, com JP Simões, dezenas de crianças que participam no programa Férias Jovem, da Câmara Municipal de Sesimbra, e não só, começaram a aproximar-se da Biblioteca de Praia da Praia do Ouro, que já tinha a mesa de trabalho preparada para o ateliê As Emoções Estão Desaparecidas, dinamizado pelo Museu das Emoções.
Ampulhetas, um cato, um espelho, velas, um frasco com sementes, um globo com O Principezinho, fantoches, meia dúzia de livros infantis e uma arca “cheia de coisas” acompanham Paulinho de Oliveira, o contador de histórias que foi recebido com “casa cheia” esta terça-feira, dia 18 de julho, na Biblioteca de Praia da Praia do Ouro.
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Sempre através de brincadeiras dinâmicas e humor, Paulinho, como pediu para ser chamado, começou a sessão questionando uma menina que passava por ali com a mãe grávida. Que emoções têm as crianças quando nascem? A plateia foi lançando os nomes das emoções. São cinco: raiva, tristeza, alegria, medo e nojo. Mas quais são as boas e as más? Tudo depende da perspetiva.
«Contamos histórias e com essas histórias tentamos que as crianças, jovens e todas as pessoas consigam associar as suas próprias emoções», explicou. O objetivo é «fazer jogos fora da caixa para que as pessoas percebam que simplificando consegue-se trabalhar as emoções», realça.
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A conversa deu o mote para uma história sobre a tristeza e a raiva, que decidiram ir tomar banho à Praia do Ouro. No final, todos chegaram à conclusão de que a raiva é apenas o disfarce da tristeza.
A seguir, Paulinho desafiou Célia, uma mulher que passava, com o marido e quatro crianças, para segurar um cato na mão. «Os catos não picam, só se apertarmos», explicou, fazendo a participante provar isso mesmo. «Tal como com os catos, nas relações pessoais também temos de deixar a mão aberta para sermos felizes», frisou, pedindo às crianças que escolhessem a história que iria contar.
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A sessão terminou com um quase braço de ferro entre dois monitores das Férias Jovens: Joana e Vasco. O jogo foi preparado detalhadamente, com o público a torcer pelo seu preferido. Os dois monitores posicionaram-se para o início do jogo, mas afinal, «ganha quem fizer mais elogios ao outro», comunicou Paulinho.
De elogio em elogio o jogo foi-se fazendo e até o público foi chamado a elogiar Joana e Vasco. «Já repararam que eles nunca largaram as mãos? Apesar de terem tido a oportunidade de fazer mal um ao outro nunca pensaram sequer nisso», realçou Paulinho.
«Se estivermos zangados ou tristes conseguimos descrever esse sentimento para que alguém nos ajude», salientou Guilherme Freitas, de 10 anos, ao ser questionado sobre o que aprendeu. «O Paulinho ensinou-nos várias coisas, aprendemos mais sobre sentimentos e foi muito engraçado», frisa o jovem da Quinta do Conde, que tenciona voltar a participar em atividades semelhantes nas Bibliotecas de Praia.
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Laura Rosa, de 10 anos, é da mesma opinião. «Adorei e tenho vontade de voltar», realça a quintacondense. «Aprendi a respeitar as pessoas e a não fazer bulling», acrescenta.
O ateliê As Emoções Estão Desaparecidas repete dia 28 de julho, sexta-feira, na Biblioteca de Praia da Praia da Califórnia às 10.30 horas e na Ecobiblioteca, no Parque Augusto Pólvora, na Maçã, às 18 horas.
Entre as diversas atividades programadas até ao final de agosto nas Bibliotecas de Praia e de Jardim e na Ecobiblioteca, destaque para Histórias à Beira-Mar e no Jardim às quartas-feiras e domingos e para a Oficina de Expressão Plástica às segundas e sextas-feiras.