PATRIMÓNIO: Parque da pré-história da Arrábida
O projeto, que resulta de um processo de investigação iniciado há quatro anos com a elaboração da Carta Arqueológica de Sesimbra, surge a partir de uma parceria entre as autarquias de Sesimbra e Setúbal, Faculdades de Belas-Artes de Lisboa (FBAUL) e Casa de Calhariz, e já que permitiu identificar um vasto complexo arqueológico da Idade do Bronze (cerca de 1200 a.C.), uma placa de madeira com escritos árabes, um brinco em ouro e um santuário fenício na Lapa da Cova.
Para garantir a continuidade dos trabalhos de arqueologia e de espeleologia, as entidades envolvidas assinaram, no dia 12, um protocolo de cooperação que visa a recolha de informação científica e prevê a realização de sondagens arqueológicas de diagnóstico para a elaboração dos conteúdos museológicos para o futuro equipamento cultural, até ao final de 2013.
«A assinatura deste acordo é o ponto de partida para assegurar meios financeiros para que a equipa possa continuar a aprofundar e a recolher materiais de estudo», referiu Augusto Pólvora, no decorrer da sessão protocolar. O autarca destacou ainda o trabalho que tem sido desenvolvido pelos investigadores, que considerou de «grande importância para a preservação do património cultural e natural», e chamou a atenção para a importância de um outro parceiro - o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB), «com um papel determinante neste processo».
Sofia Castelo Branco, diretora do – Departamento de Gestão de Áreas Classificadas (DGAC) do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB), presente na cerimónia, garantiu que apesar das regras muito próprias do parque e do plano de ordenamento em vigor «o ICNB será um parceiro estratégico neste projeto, que é importante para a divulgação e no aproveitamento cultural» e acrescentou que «é fundamental que nada do que possa ser desenvolvido ponha em causa o cerne do Parque Natural».
Uma questão também assinalada por Luís Jorge Gonçalves, diretor da FBAUL, que na apresentação do projeto explicou que «esta aposta é sobretudo para preservar o Parque Natural da Arrábida e para que este seja cada vez mais conhecido». O professor reforçou ainda que «o património é uma herança dos nossos antepassados e uma ajuda na construção do futuro, e só se consegue defender aquilo que se conhece, daí ser importante levar as pessoas a conhecer a região para que melhor a saibam defender».
Já D. Pedro de Sousa Holstein Beck defendeu que o parque será uma mais-valia para a região em diferentes vertentes. «Este projeto tem um dos achados arqueológicos mais importantes da pré-história a nível europeu, em termos ambientais irá permitir disciplinar o trânsito de pessoas, bicicletas e motas que entram na Serra sem qualquer controlo e que se repercute de forma negativa no ambiente, e do ponto de vista económico irá fortalecer o turismo regional e nacional, indispensável à sua sustentabilidade».
O Parque Arqueológico pretende, para além de levar à criação de novos postos de trabalho, recriar e mostrar aos visitantes a Lapa da Nazaré, Povoado da Idade do Bronze do Risco/Marmitas, Povoado Neolítico final/calcolítico dos Prados, Povoado Neolítico Antigo da Roça do Casal do Meio e Lapa da Cova para permitir um melhor entendimento da ocupação humana ao longo dos tempos na região.
Até à realização do equipamento, a equipa de investigadores irá continuar com o trabalho científico, de investigação e de recolha de artefactos que se vão armazenando na Casa de Calhariz para limpeza, inventariação e reconstituição. A Câmara Municipal de Sesimbra vai atribuir um subsídio de 45 mil euros, destinados à aquisição de serviços, equipamentos, meios logísticos, alimentação e alojamento, e que será disponibilizado em parcelas anuais de 15 mil euros, até 2013, ano em que finda o protocolo.