Sesimbra mergulha no Turismo de Inclusão
Carina Brandão, 27 anos, foi uma delas. Sofre de Polineuripatia muscular e estava longe de imaginar a sensação que iria sentir ao mergulhar no fundo de uma piscina. «É um sentimento de completa liberdade, realça, desejando repetir a experiência. Nuno Vitorino, 33 anos, paraplégico, diz ter já experimentado muitas actividades radicais ao longo da sua vida, mas garante que esta é a mais enriquecedora. «Andar debaixo de água fez-me sentir livre e muito mais forte», relata.
Paulo Guerreiro, instrutor e um dos representantes da DDI em Portugal, associação que com o apoio de médicos promove o mergulho para pessoas com deficiência, recorda que «para além da importância da acção, que fomenta o convívio e a troca de experiências, estas actividades são fundamentais para promover um turismo mais inclusivo». Para o impulsionador da actividade, o mergulho é mais do que uma terapia de reabilitação, é como uma nova forma de afirmar a igualdade de direitos para todos e, «ser o mais normal possível é a grande vontade destas pessoas».
Opinião partilhada por Felícia Costa, vereadora com os pelouros da Acção Social e Turismo, que, presente na acção, reconheceu que estas iniciativas «vão muito mais além da fruição da piscina e do mergulho». Para a edil, são uma estratégia para promover o Turismo de Inclusão que a autarquia pretende alcançar. «Chamamos a atenção para a importância de Sesimbra, enquanto lugar de excelência, com águas calmas e condições naturais únicas e mostramos, por outro lado, que somos um município preparado para receber todas as pessoas».
Também o vereador da Protecção Civil, Francisco Luís, realçou a importância da iniciativa no sentido de «consciencializar os agentes turísticos para a necessidade de dotarem os seus equipamentos de condições para que estas pessoas possam vir a Sesimbra e fruir com a máxima qualidade de todos os lugares e espaços». O vereador garantiu que a autarquia está atenta a estas questões, ciente de que ainda há muito a fazer nesta área. Contudo, mostrou-se satisfeito pelo facto de existirem pessoas e entidades, em Sesimbra, que promovem estes encontros e possibilitam actividades antes negadas a muitos deficientes.
Daniel Zuber, instrutor e formador, com experiências por todo o mundo, explicou que o mergulho já é utilizado como terapêutica alternativa, em Portugal. «Muitos especialistas na área da saúde reforçam a ideia da actividade ser adoptada como terapia de reabilitação para pessoas com deficiência, à semelhança do que acontece noutros países». Para o fisioterapeuta, os benefícios gerados pelo mergulho são muitos e únicos, por isso congratula-se com este tipo de iniciativa, que na sua opinião deveria acontecer com mais regularidade.