Sesimbra na Rota das Vocações de Futuro
Ana Lino, secretária da direcção da EPIS, entidade responsável pela iniciativa Rota de Vocações de Futuro, disse, no decorrer da visita ao concelho de Sesimbra, que esta acção «marca o arranque de um projecto que visa despertar aptidões profissionais entre os jovens em risco de insucesso escolar».
Mas apesar de este ser o grande objectivo do programa a responsável explicou que muito mais tem sido «oferecido» durante esta semana. «Para além de trabalharmos a perspectiva de visão do que é que querem ser no futuro, possibilitamos ainda a estes jovens o contacto com outras terras e outras pessoas, no fundo alargamos horizontes e mostramos-lhes que há um mundo a descobrir para lá daquele em que vivem».
João Barros é uma das muitas crianças que através desta viagem conseguiu realizar um sonho. Viu o mar pela primeira vez aos 12 anos. A morar em Paredes, no distrito do Porto, nunca pensou que algum dia iria ver o oceano. «Tinha uma ideia de como seria mas vê-lo de perto é muito diferente. É realmente muito bonito». Fascinado pela imensidão do azul, João acrescentou que «se não fosse esta experiência, que está a ser muito boa, talvez nunca visse o mar».
Também Rodrigo Pereira, 15 anos, mostrou-se satisfeito pelas terras que visitou, mas garantiu que «andar no terreno é aprender a dobrar». O jovem que começou o ano lectivo com 8 negativas e que demonstrava um desinteresse total pelas disciplinas assegura que se não fosse a ajuda das técnicas não teria recuperado. «Ainda não tenho uma ideia daquilo que quero ser no futuro mas tenho uma certeza, quero continuar a estudar. As professoras e as técnicas deste projecto fizeram-me acreditar, deram-me a oportunidade de provar a mim mesmo que sou capaz, e isso mudou a minha forma de estar, de ser e de ver a escola». O aluno da Escola Navegador Rodrigues Soromenho, em Sesimbra, que chumbou dois anos seguidos, conseguiu passar para o 9º ano. «E apenas com uma negativa», acrescentou Margarida uma das técnicas que os tem acompanhado nesta viagem.
«São conquistas fantásticas», reforçou Ana Lino, lembrando que a importância dos feitos alcançados pelo grupo «são apenas uma amostra» daquilo o projecto EPIS pretende proporcionar aos jovens em risco de abandono e insucesso escolar. «Esta viagem termina sábado, dia 2, mas o trabalho continua. Melhoraram as notas, e quase todos passaram de ano, mas agora há que continuar a motivá-los para que prossigam até ao 12.º ano e ajudá-los na procura de caminhos profissionais, que os conduza a melhores empregos e a uma vida melhor», concluiu.