Vigília em defesa do Centro Hospitalar de Setúbal a 17 de novembro
As câmaras municipais de Sesimbra, Setúbal e Palmela promovem a 17 de novembro uma vigília junto ao Hospital de São Bernardo, em Setúbal, para exigir o reforço das urgências e do Serviço Nacional de Saúde.
A decisão de convocar o protesto foi tomada pelo Fórum Intermunicipal da Saúde, que reuniu a 24 de outubro no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Setúbal e contou com a presença de várias entidades ligadas ao setor da saúde
A população é convidada a participar na vigília que decorre entre as 19 e as 24 horas, acompanhando os profissionais que prestam serviço de urgência durante a noite.
O documento final aprovado na reunião realça que os três concelhos vivem atualmente «uma situação sem precedentes na saúde».
O presidente da Câmara Municipal de Sesimbra, Francisco Jesus, sublinhou que a situação «tende a agravar-se e necessita de respostas urgentes», sublinhando que os três municípios recebem queixas diárias sobre os constrangimentos existentes no Centro Hospitalar de Setúbal.
Os autarcas constatam que o que foi anunciado há cerca de um ano pelo Ministério da Saúde como conjuntural, nomeadamente o encerramento programado e temporário de maternidades e urgências de obstetrícia, «já começa a ser admitido como definitivo» pelo Governo.
«A incerteza gerada por uma situação em que se regista cada vez menor capacidade de resposta leva a uma situação de insegurança que se vai acentuando e generalizando. A cativação pelo Governo de verbas que estavam destinadas à Saúde é um exemplo que comprova a sua falta de vontade política para garantir a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde», pode ler-se no documento.
Os dados apresentados pelo Fórum Intermunicipal da Saúde indicam que entre 17 de outubro de 2022 e 17 de outubro de 2023 ocorreram 123.135 episódios de urgência no Serviço de Urgência do Centro Hospitalar de Setúbal, o que significa uma média diária de 337 episódios.
Nesse período, o tempo médio de permanência na urgência foi de oito horas e 27 minutos, registaram-se 11.175 internamentos na sequência da ida ao Serviço de Urgência e 12.730 utentes ausentaram-se sem que se tivesse completado a avaliação clínica do seu caso. Em resultado da falta de Médicos de Família e de resposta ao nível dos Centros de Saúde, o número de episódios considerados “Não Urgentes” foi de 39.028, o equivalente a 36 por cento.
Em setembro de 2023 havia 62.329 utentes sem Médico de Família e para 5.047 doentes já tinha sido ultrapassado o prazo clinicamente recomendado para serem submetidos à cirurgia que lhes foi prescrita em 11 especialidades cirúrgicas.
Os presidentes dos municípios de Sesimbra, Setúbal e Palmela exigem medidas que possam reverter a situação atual, manifestam apoio aos profissionais de saúde e assumem que não se irão envolver em projetos que, na atual situação, mais não são do que uma forma de os municípios passarem a assumir responsabilidades que cabem totalmente aos responsáveis pela governação do país.